quarta-feira, agosto 08, 2007

Quando o #%$@ é mais embaixo...


Miami, quarta-feira, 8 de agosto de 2007


Ainda não tenho certeza se quero compartilhar este momento da minha vida tão abertamente, mas necessito escrever a respeito...

36 anos, divorciada, morena, 137 lbs (oras! Faça suas contas!), 1,64 metros de altura. Minha filha já tem 9 anos de idade e eu nunca tinha depilado “lá” todos estes anos. Acontece que a idade – ah! a idade... – trás certas surpresas que a gente tem que aprender a lidar com elas.

Na adolescência me traumatizei na minha primeira sessão de depilação da virilha e por lá parei. Jurei nunca mais. A dor, o sangue, a reação alérgica, os pelos encravados... Não, não valia a pena tanto sacrifício pra ficar lizinha pra “eles” – que no final, cá entre nós – explorariam a região desmatada ou não. E felizes! Por estas e por outras, resolvi não me sacrificar mais e colocar em risco a minha sanidade mental em prol de um conceito social que não me agradava. Tomei a decisão: Nunca mais depilaria “lá”. È uma forma de masoquismo com narcisismo e mais algum –ismo que eu ainda não encontrei e não fazia parte da minha crença, fosse lá qual fosse.

Mas, de repente, a idade... Começam a aparecer “coisas” em nosso corpo que antes não existiam e insistem em proliferar para todos os lados e sentidos, sem pedir permissão nenhuma!

Viver em Connecticut tinha lá suas vantagens: só expunha o corpo alguns dias do ano e por tão pouco tempo que a necessidade de estar em “perfeita” compostura pude adiar por todos estes anos. Mas Miami, ah Miami, é diferente. Não virei rata de praia, mas final de semana é sinônimo de piscina e praia. Impossível fugir, se esconder, fingir que o calor não está acontecendo. Senão por mim, pelas crianças. E lá vou eu, de biquinão que não é mesmo mais aquele que usava na década de 90, um pouco bem maior, cobrindo área suficiente para não chamar a atenção de ninguém. E escondendo o máximo possível para não assustar os vizinhos na areia. Que diferença! O que o tempo faz com a gente...

Toda mulher vem com o destino traçado no sentido de abrir as pernas para apenas certas pessoas em sua vida: sua mãe, seu ginecologista e seus amantes. Não necessariamente nesta ordem. Só a terceira parte é que é realmente divertida. A primeira é natural, a segunda é o que é e não devo entrar no mérito no momento. Mas descobri hoje que existe uma quarta parte na equação: a depiladora. Temida depiladora. 36 anos temida!!! SOS, alguém me dê outra opção, uma idéia, uma nova filosofia, uma nova teoria, um novo produto. Caramba! Alguém? O vácuo, o vazio, o eco, eco, eco, eco.... Ninguém?

Bom, lá vou eu, cuidar de ser limpinha! Por pressão social (afinal, por mais anarquista que insista em ser encontro certas dificuldades culturais ainda) e sucumbo a uma queridíssima figura que me convence que “ não dói nada, você vai ver...” Literalmente paguei para ver.

Hum! Ai! Hum! FDP! Hum! Ai! F da mãe!

Anos de terapia... O que é isso? Aonde vamos parar? Ela abriu minhas pernas mais que minha mãe, meu ginecologista e o mais ousado dos homens que nunca tive. Todos juntos! Tascou uma cera quente, um paninho em cima e sem dó nem tempo, arrancou tudo de uma vez... Isso não é vida. Isso não é justo!

Na próxima encarnação quero nascer homem. Com agá maiúsculo! E vou viver muito bem e em harmonia com meus pelos, todos eles, sem tirar nem pôr!

E tenho dito.

2 comentários:

Unknown disse...

Andreia,
Que legal, nao sabia do seu lado escritora!
Parabens!!
A sua depiladora por acaso e a Tereza?
Ahhh se for liga nao.. ela ta acostumada a ouvir bastante palavrao... hahaha
bjsss Dani

Anônimo disse...

Oi Andrea,

Eu já havia lido alguma coisa que vc escreveu pra o Ale, sabia que vc escrevia bem e ele também sempre disse isso.
Hoje entrei no seu blog e li todo o conteúdo, do final até o começo.
Fiquei impressionada, estarreida até.
Além de conteúdo voce sabe muito bem como colocar as palavras.
Usa um português complexo e excelente para quem não uso no cotidiano. Incrivel...
Gostei muitíssimo. Suas divagação sobre a vida tem algo de tão real que chega a ser um tapa na cara da nossa mediocridade.
E o que está escrito é tão humano, tão verdadeiro.

Gostei demais. Ainda bem que vc decidiu compartilhar esse conteudo com a gente.

Um beijão
Carmen