sábado, julho 14, 2007

Universos Paralelos (Jayro Luna)

I
Entre seus olhos e as palavras deste poema,
Entre seus olhos e sua boca,
Entre mesmo seu coração e o que vai em sua alma há o dilema,
E o que te parece a coisa mais louca
É de fato a razão mais verdadeira...
A verdade insofismável e derradeira...
II
Somos feitos de energia condensada!
A matéria é a imersão duma outra dimensão no espaço!
Minha carne é virtual, sou feito de nada...
Tudo é vazio praticamente, mesmo o mais duro aço!
O que está aparentemente diante de ti,
Está diante de ti para que não o veja estando aqui e ali!...
III
Entre seus olhos e as palavras deste poema
Há mais do que tridimensionalidade e tempo,
Há mais do que a escritura que a ti aparece com problemas...
Entre suas orações e o eco no vazio do templo,
Entre a fé e a incerteza,
Há mais do que se lhe mostra aos sentidos a Natureza!
IV
Todo nosso mundo é apenas uma membrana,
Tudo o que nos parece tudo é só uma pálida parte,
Saímos do fundo da caverna para uma tímida cabana,
Que nem nos abriga nem com segurança, nem com arte...
Se há mais entre o céu e a terra do que nossa vã filosofia,
Há mais ainda entre compreensão e sabedoria...
V
Outras dimensões de ver, sentir, pensar e sonhar...
A gravidade essa força oxímora entre forte e fraca,
Que vem de lá, querendo a todo custo nos puxar,
Que vem de lá do outro lado e nos gruda como goma laca...
Que vem do outro lado
De tudo o que é visto e pensado!...
VI
Somos o nada que se materializou,
Somos qualquer coisa de muito pequeno, ínfimo...
A mais próxima das galáxias à mais distante que já se avistou
Ainda assim é pouco além do que se vai no íntimo!...
A viagem para dentro do micromilímetro
Nos revela para além de todo perímetro!...
VII
Se penso, logo existo,
Decerto também que não desisto e sigo,
Se creio ou não creio em Cristo,
Se só ilusão na busca da verdade é o que consigo,
Tudo é porque não vejo a tudo,
O que mais sei é o que me falta de estudo!
VIII
O que poderia ter sido que não foi,
O que seria diferente se fosse doutro modo,
As verdades que aceito inquestionáveis com meu olho de boi,
O que me incomoda e como me acomodo,
O que está lá fora e o que me vai por dentro,
Em todo lugar busco minha alma como centro!...
IX
Faltou aquela palavra que não foi dita por todas as gramáticas,
Que sequer foi mesmo pensada...
Faltou aquela nova razão matemática,
E eu saberia decifrar a coisa indecifrada...
O que sinto e que me vai ao sentimento
O que vejo não é o que me vai ao pensamento!...
X
Hoje, na certeza dessas horas, desse momento exato,
Sei sem precisar de fórmulas que já não é mais,
Onde sequer estive é onde me encontrei de fato!
No tempo que nunca houve fui sem ser jamais...
O que me vai ao coração é como a fé,
Porém não é razão, nem palavra dita é...
XI
Resta-me a certeza de que tudo na vida
Se parece com uma película de cinema,
Em que nos assistimos em constantes gravações interrompidas,
Em constantes ensaios de falas sem sememas...
Infinitos universos paralelos se emparelham ao nosso,
E tudo que sinto é esse desejo de superar a carne e os ossos!...


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