Doral, FL
Sempre me choca a
fragilidade da carne.
Morre, aquele que é
feliz. Morre o aprendiz, fica a estória.
Morre quem bebe, quem
fuma, quem come.
Morre na praia, nas
ruas, quem dorme.
Morre o ser humano
infeliz.
Morre quem merece e quem
nunca quiz.
Morre quem guarda e quem
nunca teve.
Morrem os sonhos e
morrem os feitos.
Morre por nada e por que não se esperava.
Morre a vida guardada, o
amor companheiro.
Morre porque não pode
mais viver.
Morre o atleta, a
modelo, o ator.
Morre quem nunca sentiu
dor.
Morre.
Quem trabalha, quem
ganhou.
Morre quem perdeu e
nunca se achou.
Morre o corpo perfeito,
a alma estragada.
Morre o pobre e o rico.
O famoso e o desconhecido.
Todo dia morre alguém.
Tenha vivido mal ou bem.
A fragilidade da vida, o
instante inusitado. O silêncio calado.
Morre e se vai. Leve e
solto. Livre.
Morre quem quer e quem
nunca pensou.
Ficam as árvores, o
sol e o calor.
Segue o mundo em seu furor.
A morte causa mudanças
naqueles que vivem.
Morre o amor perdido.
Paira o nada.
Que o tempo cuida em
mudar, preencher, mas nunca esquecer.
A falta do corpo quente,
das vivências diárias.
Morre quem nem podia.
E não se pode evitar.
Ela sim sempre chega sem avisar.
Leva consigo a vida de
um tudo que poderia ser.
Acaba-se o sonho. O peso
se vai. E no fim: desprendimento.
De tudo que foi e nunca mais será.
Um comentário:
Andrea, você tem um dom magnífico. Jamais pare de escrever.
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