terça-feira, julho 31, 2007

Sonho de Menina



Grécia, terça-feira, 31 de julho de 2007

Saudações à todos da ilha de Kíthira!

Após alguns dias subindo e descendo morro de mochila nas costas e burrinho em punho, cá estou.

Saudações, saudações!

Começo minha estória contando um sonho de menina: passar a lua de mel na Grécia. Não me perguntem donde veio esta idéia ou porque. Sonho de menina...

Os anos se passaram e não me casei com o Batata (quem não se lembra dele?). Depois vieram outros que não se mostraram material casamenteiro. Finalmente, após 4 anos de juntamento, me casei no cartório com o Fabrício. Mas, por fobia de matrimônio por parte do noivo - que até em corte errada foi e chegou atrasado mais de meia hora - o casamento logo se desfez. Tão rápido foi meu tempo de casada que acabei passando a lua de mel em Cape May, NJ quase que sozinha, não fosse minha querida amiga Mara me acompanhar à uma bela pousada na beira do mar onde todos os hóspedes acreditaram sermos um casal de lésbicas! Segunda oportunidade perdida de lua de mel.

Ah! Então apareceu o Carlos. Este sim era material casamenteiro! Este sim teria a dignidade de planejar um casamento e uma lua de mel como manda o figurino, realizar todos os meus sonhos de menina... Hum! Lá se foram 4 anos de juntamento, com direito a aliança no dedo e tudo; nada muito bem planejado, tudo meio um pouco corrido, estressado, atropelado. Nunca sentamos para marcar uma data de casamento, ou para oficializar o tão nada romântico noivado. E mais uma chance perdi, no emaranhado deste relacionamento. Fiquei a ver navios, ou mais corretamente, barcos a vela.

Então, após todos estes anos de namora, briga, namora, desmancha; junta, casa, separa, divorcia; junta e separa, homem nenhum foi nobre o sufiente ou merecedor da minha eterna maravilhosa e agradável companhia, do meu desejo de me perder nas ilhas Gregas, apaixonada após um casamento digno. De fazer amor sob as estrelas até o sol nascer, de assistir a brisa fresca bater nos meus negros cabelos, de olhar no fundo dos meus olhos enamorados e reconhecer-se como homem mais ditoso na face da terra.

Esperar um terceiro casamento/juntamento? Não. Acho que este não acorrerá tão cedo novamente em minha vida. Não que tenha me traumatizado, apesar de ter bagagem o suficiente para tal! Mas a vida de solteira tem me libertado tanto de mim, e deles, e dos outros. Tem me feito tão leve e serena, tem me surpreendido tanto com tão pouco que até os momentos de vazio, no início muito enfadonhos, hoje me alojam com afago.

E cá estou, solitária em minha companhia, eremita em minha ilha. Andrea Papadimítrio Catsoris Almeida. Troquei de nome, como podem perceber, na expectativa de mudar a minha sorte, e até mesmo despertar minha consciência adormecida no macio véu da ignorância de mim mesma. Navego nas folhas brancas, tamborilando em meu teclado enquanto as ondas batem nas pedras e o sol se despede de mais um dia.

Kaliníhta à todos. Καληνύχτα

Andrea Papadimítrio Catsoris Almeida

quinta-feira, julho 19, 2007

Much Ado About Nothing


Never mind all the fuss yesterday.


Se deus existe ou não, não me importa.
Sei que eu estou aqui e preciso ser feliz.
A faculdade da Marina e a minha aposentadoria vão ter que esperar.
Estou me mudando para a Grécia, em breve.

O único problema é que na ilha de Kíthira não tem internet!

Tchau,

Fui…

Love to all

Empress of the Universe

Andrea Papadimitriou Catsoris Almeida

quarta-feira, julho 18, 2007

EAT, DRINK & BE MERRY, FOR TOMORROW WE DIE.

Rated R

35 anos, casado, dois filhos. Uma menina de 1 ano e um menino de 3. À trabalho no Brasil, morto na explosão em acidente de avião no dia 17 de julho de 2007 em São Paulo. Uma hora antes de entrar no avião liga à esposa para confirmar o número do vôo. Bom pai, bom marido, boa “gente”.

Poderia ter sido eu, você ou o vizinho. Bum! A vida acabou...



O nada.




E por onde andava Deus? Por onde anda Deus? Quem é merecedor de uma morte como esta? A vida é tão frágil e tão fora do nosso controle. Acho que não tem deus coisa nenhuma. Tanta miséria, tanta violência. Essa coisa de deus é papo pra gente fraca que precisa de muleta pra se apoiar por que não acredita em si próprio. É uma bela muleta, diga-se de passagem, porém ilusória. Já usei e ainda uso muito ela.

Mas se não tem deus, o que é então lá em cima? Sei que algo lá tem. Sinto (ou será que está tudo na minha imaginação? ) presenças/ energias ao meu redor, mas não vejo ou toco nada. Já ouvi vozes, como narram os livros espíritas, e tive certeza que não era eu quem estava fazendo tanto barulho lá dentro da minha cabeça. Como se fossem mini pessoas no meu cérebro, me enlouquecendo. Mas poderia ser apenas um desequilibrio químico talvez? Uma esquizofrenia passageira? Quem saberá?

Continuo rezando pois sei que algo positivo aí tem, e continuo sentindo um monte de sensações boas e novas, com o passar dos dias mais e mais intensas. As vezes até acho que estou me desprendendo muito do meu corpo e gostando mais do lado de lá, porque me trás uma paz sem fim, um contentamento enorme, um “que” inexplicavél de liberdade, de loucura, de clareza, de certeza. E quando eu invoco, eles veêm. Sei porque estou lá tra-la-la e de repente muitas e muitas lágrimas começam a sair dos meus olhos e é algo que não consigo controlar. Não é uma emoção mais forte, nem uma sensação especial; apenas lágrimas e lágrimas escorrendo a troco de nada. Mediunidade? Alucinação? Esquizofrenia? A ciência ainda não explica. E Freud? Explica?

Esta estória da força do pensamento, física quântica, teoria das cordas, ondas de energia magnética... Onde é que me encaixo? Nesta vida frágil, quanto de controle eu realmente tenho? Se, segundo a astrologia, nascemos com o destino traçado, posso querer manisfestar o que quizer e fazer a maior força que nada em minha vida mudará. Já está traçado. Então não existe o livre arbítrio, que é o “docinho” que deus nos dá ( por que não deusa?) pra não dizer que a responsabilidade é toda dele?

Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?
Eu engordei porque fiquei depressiva, ou fiquei depressiva por que engordei?


Meu, que merda é essa? Really, sorry my french, but today this seems to be all a total, colossal bullshit!

Ontem me peguei falando super concentrada, com a maior seriedade e certeza do mundo: “Pois é, nós como mães solteiras temos que garantir o futuro de nossos filhos. Eles só dependem de nós. É preciso arranjar um bom emprego, ganhando muito bem, mesmo que seja fazendo algo que não gostamos. O que importa é que preciso pagar as contas, dar uma boa educaçao a minha filha, comprar uma casinha, fazer uma poupança para a faculdade dela para ela poder ser alguém na vida. E começar a aplicar para uma boa aposentadoria.”

Séria, eu estava. Sóbria, sã. Alguém discorda do que eu disse? Alguém poderia dizer que estou errada? Mas, porém, todavia, contudo, entretanto existe algo nesta minha afirmação que não engulo, aliás, pensando bem, não estou engolindo é nada do que afirmei. I mean, isto é como a gente aprendeu, como “eles” nos ensinaram. Sabe “Eles”? Alguém pode me dizer quem são “Eles”?



O dinheiro, meus amigos, compra a nossa liberdade de ir e vir. E lá vou eu para o meu empreguinho, que me paga bem, fazer algo que não alimenta minha alma em prol de um futuro garantido financeiramente. Meu corpo vai, minha alma fica. Fica dormindo e vendo televisão, ouvindo música e bocejando. Já vivi assim. E a gente chega em casa cansado, cansado. E o tempo vai passando, passando. Mas a minha casa é bunitinha, meu carro funciona, minha filha tem uma boa educação e nós temos férias pagas.

Ontem li um artigo numa revista de viagem sobre ilhas gregas escondidas e perdidas no tempo. Ao passo que a autora do texto foi contando as estórias das ilhas e as experiências que ela teve nesta viagem; os cheiros, a comida, as pessoas, os lugares, o sol, as lembranças de infância sob o sol, o cheiro do mar e a sensação de sal grudado no corpo; fui transportada para aquele lugar e por momentos me vi morando lá, num fim do mundo, num ar parado, num tempo parado e separado do resto do mundo, separado da “realidade”... Da minha realidade irreal, quero dizer. Quem disse que a minha, sua vida, é a real, é a verdadeira?




Is there all there is?




To be continue...

sábado, julho 14, 2007

Curriculum Vitae


Profissão- Compositora, caçadora de ilusões.

Experiência – Jan. 2007 - presente

Achei que iria morrer de amor, que a vida não fazia sentido, que Deus é injusto, que o calor é maravilhoso. Que a esperança é a última que morre, que amor de filho é o maior do mundo, que minha casa é meu santuário, que o divino nunca me deixa. Senti amor universal, questionei e descartei crenças e comportamentos sociais, abandonei o espiritismo, me afoguei em lágrimas, perdi noites de sono, encontrei amigos distantes, viajei no tempo, voltei ao passado e escrevi meu futuro. Vi milagres, esperei a vontade passar, encontrei a paz, senti medo, nunca perdi a esperança. Tomei chuva quente, fiquei com medo de trovão, me curei de mim mesma e encontrei algo novo de mim. Saí com minha boa compania, fiz promessa para as estrelas e mudei de idéia tão rápido que tudo já esqueci. Vi cobras e lagartos, sapos e lagartixas, passarinhos azuis e vermelhos e flores roxas e amarelas. Vi uma eclipse lunar, chorei na beira do mar as margens da imensidão azul. Briguei com Deus e seus anjos, xinguei ex-marido e me apaixonei tudo outra vez. Perdi peso e um monte de roupa, envelheci e comprei creme anti rugas. Achei que estava enlouquecendo e não me preocupei, ouvi vozes e senti arrepios, fui ‘curada’ por um extraterrestre, acumpuntura e homeopatia. Chorei de amor, felicidade e saudade; de raiva, esperança e solidão. Parei no tempo sem respirar, tive medo de continuar. Perdi a razão. Encontrei a paz e um contentamento sem fim, compreendi certas coisas, joguei tarô e achei melhor que terapia. Falei no telefone mais do que minha orelha pudesse aguentar, fiz planos para o futuro pra nunca mais voltar. Dormi quando tive sono, escrevi quando tive vontade, limpei a casa as 4 da manhã e não lavei roupa por um tempão. Ouvi música triste, meditei todos os dias. Dancei no final da tarde com o coração cheio de alegria.

Universos Paralelos (Jayro Luna)

I
Entre seus olhos e as palavras deste poema,
Entre seus olhos e sua boca,
Entre mesmo seu coração e o que vai em sua alma há o dilema,
E o que te parece a coisa mais louca
É de fato a razão mais verdadeira...
A verdade insofismável e derradeira...
II
Somos feitos de energia condensada!
A matéria é a imersão duma outra dimensão no espaço!
Minha carne é virtual, sou feito de nada...
Tudo é vazio praticamente, mesmo o mais duro aço!
O que está aparentemente diante de ti,
Está diante de ti para que não o veja estando aqui e ali!...
III
Entre seus olhos e as palavras deste poema
Há mais do que tridimensionalidade e tempo,
Há mais do que a escritura que a ti aparece com problemas...
Entre suas orações e o eco no vazio do templo,
Entre a fé e a incerteza,
Há mais do que se lhe mostra aos sentidos a Natureza!
IV
Todo nosso mundo é apenas uma membrana,
Tudo o que nos parece tudo é só uma pálida parte,
Saímos do fundo da caverna para uma tímida cabana,
Que nem nos abriga nem com segurança, nem com arte...
Se há mais entre o céu e a terra do que nossa vã filosofia,
Há mais ainda entre compreensão e sabedoria...
V
Outras dimensões de ver, sentir, pensar e sonhar...
A gravidade essa força oxímora entre forte e fraca,
Que vem de lá, querendo a todo custo nos puxar,
Que vem de lá do outro lado e nos gruda como goma laca...
Que vem do outro lado
De tudo o que é visto e pensado!...
VI
Somos o nada que se materializou,
Somos qualquer coisa de muito pequeno, ínfimo...
A mais próxima das galáxias à mais distante que já se avistou
Ainda assim é pouco além do que se vai no íntimo!...
A viagem para dentro do micromilímetro
Nos revela para além de todo perímetro!...
VII
Se penso, logo existo,
Decerto também que não desisto e sigo,
Se creio ou não creio em Cristo,
Se só ilusão na busca da verdade é o que consigo,
Tudo é porque não vejo a tudo,
O que mais sei é o que me falta de estudo!
VIII
O que poderia ter sido que não foi,
O que seria diferente se fosse doutro modo,
As verdades que aceito inquestionáveis com meu olho de boi,
O que me incomoda e como me acomodo,
O que está lá fora e o que me vai por dentro,
Em todo lugar busco minha alma como centro!...
IX
Faltou aquela palavra que não foi dita por todas as gramáticas,
Que sequer foi mesmo pensada...
Faltou aquela nova razão matemática,
E eu saberia decifrar a coisa indecifrada...
O que sinto e que me vai ao sentimento
O que vejo não é o que me vai ao pensamento!...
X
Hoje, na certeza dessas horas, desse momento exato,
Sei sem precisar de fórmulas que já não é mais,
Onde sequer estive é onde me encontrei de fato!
No tempo que nunca houve fui sem ser jamais...
O que me vai ao coração é como a fé,
Porém não é razão, nem palavra dita é...
XI
Resta-me a certeza de que tudo na vida
Se parece com uma película de cinema,
Em que nos assistimos em constantes gravações interrompidas,
Em constantes ensaios de falas sem sememas...
Infinitos universos paralelos se emparelham ao nosso,
E tudo que sinto é esse desejo de superar a carne e os ossos!...


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