sábado, agosto 11, 2007

Conexões sem Fio


A technologia é uma maravilha. Computadores, ipods, dvds portáteis, telefones sem fio, internet, conexões sem fio. Tudo isso na ponta dos dedos, com acesso rápido, fácil e simples. Quando funciona.

Após 6 meses “emprestando” a conexão de internet do meu gentil vizinho, decidi que havia chegado a hora de assumir a responsabilidade e clamar minha indepêndencia. Afinal sou uma mulher moderna e cansei de depender da instabilidade emocional do vizinho, que nunca me conheceu, e que gostava de desligar seu modem por 2, 3 dias seguidos sem me consultar.

Bellsouth me mandou uma caixinha cheia de quinquilharias pronta para ser facilmente instalada pelo mais leigo dos mortais. Fácil. Instalar o cd no computador e seguir instruções. Adiei mais ou menos uns 45 dias este momento, já prevenida de que comigo as instruções raramente funcionam. Mas assim que recebi a primeira conta de algo que não estava usando, rapidamente resolvi o problema.

Comprei também um tal de “Router” para facilitar a minha vida e poder usar meu computador em qualquer lugar da casa sem ficar grudada a fio nenhum. Uma beleza! Liberdade total!

Instalei o cd e segui as instruções. Do DSL saiam 3 fios que entravam no router que tem 1 fio que entrava no computador. Todos os 3 aparelhos ligados na tomada, somando um total de 7 fios que vinham e iam e voltavam. Dois dias se passaram e nada deu certo.

E liga para a companhia de telefone e para o técnico especialista da companhia do router. E para a telefônica novamente, para o eletricista, para o dentista, para o psiquiatra...Tomei dois calmantes e fui dormir. Após 48 horas de sono profundo, estava calminha, calminha e até esqueci quem eu era. Foi ótimo.

Os fios continuaram no meio da sala, todos enrolados, o router piscando como luz de discoteca, a conexão caindo e voltando sem parar por dias a fio. Uma maravilha esta conexão sem fio. Muito boa mesmo! Quando funcionar serei muito feliz, pensei. No meio tempo, continuei tomando o calmante, mas apenas meia dose por dia, para poder sobreviver à incessante frustração de ser constantemente desconectada do mundo. E de me sentir a mais estúpida das mortais, pois afinal a instalação é fácil, fácil. Só seguir as instruções, qualquer um pode fazer...

De fato, na segunda semana da odisséia, tomei coragem novamente e fiquei horas no telefone com o técnico da telefônica que descobriu o “probleminha”. Sabe, esqueceram de avisar no manual do DSL e do Router, que tem um código tal que precisa ser mudado na programação das duas instalações. Sabia que o problema não era a minha ignorância! Depois de muito “aperta aqui, aperta ali, desliga tudo, ouve musiquinha de elevador, liga tudo de novo” tipo de coisa, tam-tam-tam-tam!

Hoje sou uma mulher moderna sem fio, danço pela casa com meu computador nos braços, durmo abraçada com ele e o levo para dar voltas no quarteirão! Tudo isso por $45 dólares por mês, mais o precinho do router ($65), mais a despesa de psiquiatra – 4 sessões à $65 a hora - e o anti-depressivo e calmantes que tive que tomar por um mês.

E os fios da conexão sem fio enrolei todos e escondi atrás do armário...

quarta-feira, agosto 08, 2007

Quando o #%$@ é mais embaixo...


Miami, quarta-feira, 8 de agosto de 2007


Ainda não tenho certeza se quero compartilhar este momento da minha vida tão abertamente, mas necessito escrever a respeito...

36 anos, divorciada, morena, 137 lbs (oras! Faça suas contas!), 1,64 metros de altura. Minha filha já tem 9 anos de idade e eu nunca tinha depilado “lá” todos estes anos. Acontece que a idade – ah! a idade... – trás certas surpresas que a gente tem que aprender a lidar com elas.

Na adolescência me traumatizei na minha primeira sessão de depilação da virilha e por lá parei. Jurei nunca mais. A dor, o sangue, a reação alérgica, os pelos encravados... Não, não valia a pena tanto sacrifício pra ficar lizinha pra “eles” – que no final, cá entre nós – explorariam a região desmatada ou não. E felizes! Por estas e por outras, resolvi não me sacrificar mais e colocar em risco a minha sanidade mental em prol de um conceito social que não me agradava. Tomei a decisão: Nunca mais depilaria “lá”. È uma forma de masoquismo com narcisismo e mais algum –ismo que eu ainda não encontrei e não fazia parte da minha crença, fosse lá qual fosse.

Mas, de repente, a idade... Começam a aparecer “coisas” em nosso corpo que antes não existiam e insistem em proliferar para todos os lados e sentidos, sem pedir permissão nenhuma!

Viver em Connecticut tinha lá suas vantagens: só expunha o corpo alguns dias do ano e por tão pouco tempo que a necessidade de estar em “perfeita” compostura pude adiar por todos estes anos. Mas Miami, ah Miami, é diferente. Não virei rata de praia, mas final de semana é sinônimo de piscina e praia. Impossível fugir, se esconder, fingir que o calor não está acontecendo. Senão por mim, pelas crianças. E lá vou eu, de biquinão que não é mesmo mais aquele que usava na década de 90, um pouco bem maior, cobrindo área suficiente para não chamar a atenção de ninguém. E escondendo o máximo possível para não assustar os vizinhos na areia. Que diferença! O que o tempo faz com a gente...

Toda mulher vem com o destino traçado no sentido de abrir as pernas para apenas certas pessoas em sua vida: sua mãe, seu ginecologista e seus amantes. Não necessariamente nesta ordem. Só a terceira parte é que é realmente divertida. A primeira é natural, a segunda é o que é e não devo entrar no mérito no momento. Mas descobri hoje que existe uma quarta parte na equação: a depiladora. Temida depiladora. 36 anos temida!!! SOS, alguém me dê outra opção, uma idéia, uma nova filosofia, uma nova teoria, um novo produto. Caramba! Alguém? O vácuo, o vazio, o eco, eco, eco, eco.... Ninguém?

Bom, lá vou eu, cuidar de ser limpinha! Por pressão social (afinal, por mais anarquista que insista em ser encontro certas dificuldades culturais ainda) e sucumbo a uma queridíssima figura que me convence que “ não dói nada, você vai ver...” Literalmente paguei para ver.

Hum! Ai! Hum! FDP! Hum! Ai! F da mãe!

Anos de terapia... O que é isso? Aonde vamos parar? Ela abriu minhas pernas mais que minha mãe, meu ginecologista e o mais ousado dos homens que nunca tive. Todos juntos! Tascou uma cera quente, um paninho em cima e sem dó nem tempo, arrancou tudo de uma vez... Isso não é vida. Isso não é justo!

Na próxima encarnação quero nascer homem. Com agá maiúsculo! E vou viver muito bem e em harmonia com meus pelos, todos eles, sem tirar nem pôr!

E tenho dito.