terça-feira, novembro 13, 2007

So Much To Say

For those who like music
For those who like to think
For those who like to hear
For those who seek understanding.

For those who feel trapped
For those who feel free
For those who feel human
For those who just don't know.

For when we just can't find the words
To express what goes inside.
And it really doesn't matter
For one day all will come out.

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I'd like to thank Dave Matthews for such wonderful composition and simple lyrics. This is truly a work of art.

Andrea

SO MUCH TO SAY - DAVE MATTHEWS BAND

I say my hell is the closet I'm stuck inside
can't see the light
and my heaven is a nice house in the sky
I got central heating and I'm alright
yeah yeah yeah
can't see the light
keep it locked up inside don't talk about it
Talk about the weather
yeah yeah yeah
can't see the light
open up my head and let me out little baby
'Cos here we have been standing for a long long time
treading trodden trails for a long long time, time, time, time, time, time, time

I find sometimes it's easy to be myself
Sometimes I find it's better to be somebody else

I see you young and soft oh little baby
little feet, little feet, little hands little baby
one year of crying and the words creep up inside
creep into your mind yeah
So much to say, so much to say, so much to say, so much to say. So much to say, so much to say, so much to say, so much to say.

Open up my head and let me out...

sábado, outubro 13, 2007

Dave Brubeck Quartet in NYC




Ai, ai, ai!
Alguém se habilita?
BB King Blues Club
23 de Novembro de 2007
Estou aceitando convites!!

http://www.bbkingblues.com/schedule/moreinfo.cgi?id=4172

sexta-feira, outubro 12, 2007

Na Minha Casa Tem Muitas Pererecas





Meu, eu sô di Sum Paulo, entende? Eu nasci em Sampa e fui criada lá, entende? Onde os animais não sobrevivem a poluição atmosférica e sonora. Aliás, não sei como passarinho vive nesta cidade. As janelas paulistanas não precisam de telinha pra nos defender dos mosquitos, precisam apenas de um filtro especial pra nos proteger do barulho da cidade, da poluição e do cheiro. Assim era, foi e sempre será. Agora não tem mais jeito de reflorestar São Paulo. E se tiver jeito, qualquer verba que aparecer para o projeto vai sumir miraculosamente…

Mas isto tudo não vem ao caso. Só sei que hoje, na minha casa tem muitas pererecas. E lagartinhos verdes, pretos e brancos. Tem ratinhos, caramujos, minhocas fruta-cor e cobrinhas pretas de pescoço laranja. Um paraíso de répteis e anfíbios y otras cositas más no meu pequeníssimo quintal-varanda.

Eu amo a natureza, realmente me emociona um céu azul, uma montanha verde, andar no meio de um bosque, ver um campo verde, árvores e árvores, areia, mar e sol. A natureza é tão natural! Mas os bichinhos que vêm com ela, não sei, dão um nervoso, uma aflição! Não nasci para a bicharada. É lindo no “Animal Planet”, fico realmente tocada com a sabedoria animal, com a beleza e perspicácia toda da perfeição da natureza, mas prefiro ver na televisão, no aquário ou no zoológico. No “mon jardin” dá um enjôo tremendo!

Recentemente encontrei um cantinho coberto de folhas que resolvi limpar. Era um “ninho”de pererecas, daquelas bem pequenas mesmo, do tamanho da ponta do meu dedão. E sem saber ou esperar, um monte de coisinhas começou a pular e saltar para todos os lados. Não sei quem se assustou mais, eu ou elas. Argh! Ai! Que nervoso! Eu gritei e elas devem ter gritado lá em língua de perereca:

- Salvem-se quem puder, o bicho gente vem chegando!
- Pula, pula Percilina, segue a mamãe!
- Rápido Arquibaldo! Corre, quer dizer, salta, salta, ela vai te pegar!

Dei um pulo enorme para atrás e fiquei escondida pra ver o que iria acontecer… Os bichinhos são inteligentes. Sumiram em menos de 10 segundos, todos. Acho que só o pap’s Arquibaldo ficou para trás, para ter certeza que estavam todos são e salvos!

As formigas também são inteligentes. Tem umas minúsculas, tão pequenas que quando aparece apenas uma você nem a vê. E esta uma encontra lá algo interessante em cima da pia, e de alguma forma avisa a turma lá fora. Em poucos minutos, o prato de restos de arroz com ovo está povoado de formiguinhas aflitivas e minúsculas. Elas curtem o ovo, nem dão bola para o arroz, não sei porque. Hoje em dia, até formiga tem frescura com comida! Quando chego perto da pia e as vejo, de uma certa forma elas sentem minha presença e começam a disperçar, sem que eu nada faça, nem toque no prato. Foi tempo de lavar um copo e quando peguei o prato, crente que iria colocá-las todas para nadar, restavam apenas umas poucas ambiciosas e esfomeadas atrasildas. O resto já tinha escafedido-se! Incrível! Êita bichinhos eficientes e inteligentes.

Vi hoje de manhã que uma tinha descoberto o açucareiro dentro do armário e já fui logo acabando com a festa antes dela ter tempo de chamar a turma. Peguei meu paninho clorox, aquele chiquérrimo que é a melhor invenção do século - tipo os paninhos humidecidos de limpar bumbum de bebê - de produto de limpeza como candida cheirozinha: brisa do mar, laranja, ou baunilha (pode?) para limpar bumbum de fogão, pia e privada. Um luxo só pra quem não tem empregada. Peguei meu paninho e fui passando por todos os lados, pra nenhuma outra dona formiguinha sentir o rastro desta uma mais aventureira que escalou milhas de distância pra encontrar o pote de ouro. Fatal. O paninho clorox funciona!

Semana passada fui pegar não sei o que no armário do corredor e dei de cara com um lagartinho preto lá dentro. Olhei bem pra ele, ele pra mim. Fechei a porta rapidinho e fingi que nada tinha acontecido. Ele que se vire, arranje uma saída ou simplesmente se canse e morra de sede e fome dentro do meu closet. Eu lá só entro a semana que vem…

O fato é, meu, eu sô di Sum Paulo. É difícil me adaptar com escolas de peixes passeando ao redor do meu joelho no mar, lagartos fuçando o meu closet, pererecas entrando pelo vão da porta. Será que eles não se ligam que são nojentinhos e gosmentos e disturbam a minha paz?

Este stress de Miami ainda vai acabar comigo!

terça-feira, outubro 02, 2007

I Love Your Butt... (I Love you, But...)

Parabéns para mim nesta data querida. Agora que sou uma mulher mais velha, nos meus primeiros quatro dias de 37 anos de vida começam a aparecer sinais de amadurecimento. Que maravilha é envelhecer! E ter os amigos de infância, adolescência lado a lado me acompanhando.

Neste novo ano de vida me comprometi com alguns objectivos realísticos e bem acessíveis. Prometo NUNCA MAIS – não gosto de usar o “nunca”, mas neste caso acho muito propício – conceber a idéia de ser amada sob condições. Por quem quer que seja. A partir de hoje, aqueles que estão na minha vida e figuras novas que aparecerão, deverão, como pré-requisito inadiável, me amar incondicionalmente.

Responsabilidade minha ter aceito por tantos anos meio amor, meia atenção, condições e situações meio incomodas em prol da minha carência e ingênuo medo de não ser amada. O negócio é o seguinte: se você gosta de mim, mas se sente ameaçado, inferior, inseguro, tem pena, tem inveja, quer competir comigo, torce pra eu dar certo mas no fundo espera que não. Se tem uma idéia já formada a meu respeito que começa assim “Ela é nisso muito boa, mas…” poupe-me. E poupe-se.

“Mas…” porcaria nenhuma. Sou imperfeita sim, sou maluca sim, sou solteira sim, tenho piti sim, tenho celulite sim, sou uma mãe em aprendizado sim, sou uma escritora analfabeta sim, tive muitos relacionamentos que não deram certo sim, tive crise pre-menstrual por 35 anos sim, fiz um monte de loucuras na adolescência sim, já fui muito irresponsável sim, já fui responsável demais quando não deveria sim, estou desempregada sim, fui filhinha de papai sim, fui rica sim e fui pobre também sim, sim; me exponho demais sim, sou intensa sim, e tive a tendência de complicar e dramatizar as coisas sim, já bebi mais do que devia na vida sim, fumo sim, já fui gordinha sim, já fui muito magra sim, já fui depressiva e problemática sim, doente e infeliz sim.

Por estas e por outras mereço ser amada incondicionalmente. Toda a minha imperfeição e meus erros são o que me vejo hoje: mulher inteira e completa. Mulher madura e inteligente com a minha luz que voltou a brilhar e que infelizmente assusta muita gente. Não pensem que é fácil ser “iluminada.” Tem lá seu preço…Que eu não troco por nada.

Em vez de me odiar, invejar ou querer me matar, tente chegar um pouco mais perto, para que eu possa compartilhar desta luz com você. Nesta última semana comecei a trabalhar para mudar a vibração desta emanação e torná-la mais “discreta”. Mas não deixarei de brilhar um minuto sequer. Ou abafarei este brilho para aqueles que não querem usar óculos escuros e se incomodam. Brilharei mais e mais, daqui pra frente com mais intensidade, mais pureza, mais certeza de que tenho o poder de criar coisas belas, de enfrentar desafios, de confrontar o impossível, de venerar o silêncio, de alcançar Nirvana, de amar incondicionalmente, de curar o universo, de manipular energia, de viajar a outras dimensões, de abrir portais do lado de lá e contactar o infinito.

Para aqueles que amam minha retaguarda e insistem em contrariar as leis do universo criando condições a minha existência: “Au revoir.” Procurem outro alguém ainda em fase de aprendizado para descarregar suas inseguranças, pois eu estou fora.

Peço demissão.

domingo, setembro 16, 2007

2008


Estamos no dia 15 de setembro de 2007 e os calendários para 2008 já estão a venda. Que pressa! Não sei nem se estarei viva amanhã e já estão querendo que eu gaste dinheiro em 2008!

Mas me encasquetei. 2008 estará aí num piscar de olhos e o papai Noel vai passar tão correndo em minha janela que se ele conseguir acertar a mira e deixar um presente no quarto da minha filha vai ganhar um beijo. Aliás, este ano vai ser difícil. Ela está começando a racionalizar demais esta estória de papai Noel. Resolveu, o mês passado, que não vai escrever cartinha nenhuma pra ele pra ver se ele acerta mesmo o que ela quer… Danada! (Esta foi da minha avó!) E como é que se resolve este problema seríssimo da minha vida? Eu quero que ela acredite em papai Noel até os 21 anos de vida, caramba! Vou consultar uns livros, as amigas, ligar para a terapeuta, ou a professora, não sei…

Por que criancinhas têm que crescer? Elas são tão lindinhas e inocentes e bobinhas e inteligentes com 3, 4 anos! Minha filha está ficando uma mocinha e é muito esquisito. Filho quando é pequeno a gente nem imagina virar gente grande, mas de repente uma década se passa e outra também, a vida vai indo, continuando e eles não param de crescer! Dá dó!

Semana passada a vizinha da minha irmã comprou uma geladeira nova e tinha uma caixa de papelão dum tamanho de um bonde no meio da rua. Levamos para dentro de casa e a engenhosa da senhora minha irmã fez um sonho de uma casinha que até eu brinquei lá dentro e chorei de emoção! Que delícia. As crianças ficaram loucas! Uma mansão! Janela, porta, cortininha, até iluminação tinha. E aqueles tiquinhos de gente abrindo e fechando janela, saindo e entrando pela porta, fazendo a maior festa.

Me fez lembrar as nossas casinhas feitas de coisas que tinham no cantinho escuro e geladinho da garagem da Rua Madalena. Era um sonho de uma favelinha. Nós brincavamos muito de casinha também em uma das casas que meu Tio Toli alugava. Embaixo da escada tinha uma portinha com uma janelinha redonda cheia de buraquinhos. Deveria ser um lugar minúsculo, mas que pra mim cabia tanta coisa: as bonecas das minhas primas e duas ou três crianças. Talvez até quatro. Éramos tantos pequeninos correndo pela casa. Alexandre, o mais velho, enchendo o saco de todo mundo, só porque era o mais velho…

A casa da minha tia era sempre uma festa. Eu adorava ir lá, brincar de tudo um pouco o dia inteiro e comer pão francês com açúcar e leite. Achava chiquérrimo. Não sei porque não se comia pão com açúcar na minha casa… Éramos sete primos, e sempre tinha umas trocentas mais crianças da rua entrando e saindo. Mas o pão francês com açúcar, pra mim, era o auge do negócio! Engraçado, não lembro muito dos adultos. Aliás, pensando bem, será que eles estávam por lá?

Brincar com as bonecas e ursinhos embaixo da escada, subir e descer escada, se esconder do Alexandre, fugir dos pequenos, era o lance. Batuta pra caramba!

Lembro o dia que descobri que papai Noel não existia. Não fiquei frustrada nem nada, me achei a espertona, crescida, madura menina que já sabia tudo. Tinha tanto toquinho que ainda acreditava, e a gente queria mais é fazer graça para eles. Foi um natal na casa do meu tio, uma das casas que tinha uma janela grande na sala. Aquele ano elegeram um adulto bem magrelo pra ser o dito cujo. Não me lembro o ano, só lembro que o papai Noel era muito magro e não deu pra disfarçar! Saquei na hora. Estávamos todos os primos lá, inclusive o Pedrinho e o Matheus, aí que eu me senti mais importante ainda pois eles eram mais velhos, e então eu já podia fazer parte deste grupo “papo cabeça” que tinha descoberto o segredo do mundo antes do que eu.

Na verdade, confesso, no final da noite vimos pela grande janela da sala um papai Noel gordinho correndo no meio da rua, provavelmente o vizinho. Fui dormir meio na dúvida, feliz. O cara é muito legal, que custa ele existir mesmo?

Mas logo que voltaram às aulas, o assunto foi resolvido na minha cabeça nas conversas com as amiguinhas. Então encontrei algum conforto, ao menos, que eu não era mais bobinha em acreditar nestas coisas…

E o mundo querendo que eu planeje meu ano de 2008 quando eu ainda quero acreditar em papai Noel… Que saco!

quarta-feira, setembro 12, 2007

Hino à Liberdade

The Oscar Peterson Trio - Hymn to Freedom



(aperte o play para ler o poema com fundo musical)

Acabo de voltar da padaria.
Fui jogar na loteria.
Vamos ganhar 6 milhões.
Alegria, alegria!

Duas entrevistas de emprego não deram certo,
o gato tira uma soneca na janela.
O jantar não foi feito,
a cama não foi feita,
nem a louça lavada…

De que vale uma dona de casa
que não gosta de fazer nada?

Alguns nasceram para isso,
outros para aquilo.
Sei que nasci pra um pouco de tudo
e nada mais.

São tantas as opções
que poderia ser tudo que gostaria
e um pouco além.

Peixe nasceu para nadar,
eu para cantar.
Ao menos inventar canções
e dançar no meio da sala.

Adoro beijar minha empregada,
meus clientes amam ver a casa arrumada.
Gosto de fazer gente triste dar gargalhada.

Meus presentes são sempre atrasados,
esqueço de ligar nos aniversários.
Mas adoro organizar uma festa,
caminhar no final da tarde,
chorar de felicidade.

Gosto de fazer rima,
cativar amizades.
Colher paixões,
ouvir estória de amor,
chorar em casamento e despedida.

Gosto de cortar a unhas,
comer bolo de fubá,
limpar lugar bem sujo
com cotonete e escova de dente nos cantinhos.

Gosto de arranjar lugar pra tudo,
mandar carta pelo correio,
escrever em papel branco à lápis,
tirar fotografia,
fazer cd de músicas variadas.

Gosto de esperar trem na Grand Central,
receber flores e arrumar no vaso.
Abrir todas as janelas para o sol entrar.
Cortar alho e cebola
e esperar as pessoas pra o jantar.

Gosto de palavrões como paralelepípedo,
esmerilamento, interindependência
e recauchutagem.

De nomes bem compridos
de filme (The Eternal Sunshine of the Spotless Mind),
livro (A Insustentável Leveza do Ser),
barzinho (As Últimas Nuvens Azuis do Céu da Alameda Principal -
este me mata de emoção! Não existe melhor!)

Gosto do cheiro de café passado,
de pãozinho saído do forno,
de bolo de chocolate com requeijão.

Trabalhar ouvindo música clássica,
tomar banho depois da praia,
olhar minha cara no espelho de cabelo penteado e molhado.
Vestido branco, colar azul,
anéis de pedras grandes coloridas.

Gosto de declaração de amor (quem não gosta?),
de cheiro de carro limpo e roupa lavada.
Não gosto de limpar privada.

Gosto de começar projeto novo
e ver resultado imediato.
De deixar cliente feliz e realizado.

De ver velhinhos caminhando de mão dada,
crianças dando risada.
Estrela cadente,
Vento quente.

De dar conselho quando me pedem,
ajudar quem precisa
com o meu conhecimento disto ou daquilo
(me sinto super importante!)

De ver show de música no parque,
dançar de parzinho,
e beijar devagarinho.

Gosto de esquecer, mudar e sair da rotina.
Flor roubada do vizinho,
Tomar vinho.
Gosto de ser menina.
E de canto de passarinho.

Ah! Pra que ser dona de casa?
Na falta de opção a gente vai,
mas se puder
prefiro escrever
até o dia escurecer…

FREE HUGS



All The Same - Sick Puppies

I don't mind where you come from
As long as you come to me
I don't like illusions I can't see
Them clearly

I don't care no I wouldn't dare
To fix the twist in you
You've shown me eventually
What you'll do

I don't mind...
I don't care...
As long as you're here

Go ahead tell me you'll leave again
You'll just come back running
Holding your scarred heart in hand
It's all the same
And I'll take you for who you are
If you take me for everything
Do it all over again
It's all the same

Hours slide and days go by
Till you decide to come
And in between it always seems too long
All of a sudden

And I have the skill, yeah I have the will
To breathe you in while I can
However long you stay
Is all that I am

I don't mind...
I don't care...
As long as you're here

Go ahead tell me you'll leave again
You'll just come back running
Holding your scarred heart in hand
It's all the same
And I'll take you for who you are
If you take me for everything
Do it all over again
It's always the same

Wrong or right
Black or white
If I close my eyes
It's all the same

In my life
The compromise
I close my eyes
It's all the same

Go ahead say it you're leaving
You'll just come back running
Holding your scarred heart in hand
It's all the same
And I'll take you for who you are
If you take me for everything
Do it all over again
It's all the same

segunda-feira, setembro 10, 2007

Amar faz mal a saúde!

O Ministério da Saúde de Kíthira adverte:
Amar pode causar palpitação,
Dor de barriga, diarréia.
Suor na palma da mão.
Pode causar loucura, ansiedade.
Falta de apetite, alucinação.

Pode causar frio na barriga,
Suor na testa, insegurança e até depressão.
Por estas e por outras,
O Ministério adverte:
Ame, mas sem muita pretensão!

sexta-feira, setembro 07, 2007

Tempo Parado

Diretamente da ilha de Kíthira, encontro-me neste tempo parado que tanto procurei.

Consegui parar o tempo. E nos minutos parados sentir o vento parar.
Consegui fazer meu coração parar de bater. E respirar o mundo dentro do meu ser.
Consegui abrir o céu sobre a minha cabeça. E deixar penetrar o ar do infinito.

Engraçado, nunca estive tão sozinha. Nunca passei tantos momentos só sem ansiedade. É como se o universo me abraçasse confortavelmente como um cobertor fofinho. Vejo o filme da minha vida passar em minha frente sentindo cada emoção lentamente. Choro e dou risada. Fico brava e pulo de alegria. Cada vitória, cada batalha, cada derrota.

Me orgulho de ser quem sou.

Defeituosa e imperfeita, tendo ferido e sido ferida. Em minha plenitude sendo amada. Ah! Já fui tão amada... Amada mesmo, de fundo de corações cheios de sonhos e ilusões, de homens tão imperfeitos quanto eu.

Aahh! Que ar rarefeito, que vida vivida! Quanta paixão esquecida, quanto tempo perdido brigando, quanto tempo que passou voando porque eu estava amando. É verdade mesmo quando algum poeta aí da vida afirmou que aquele que nunca amou nunca viveu. Será que todo poeta, escritor é um eterno apaixonado?

Estive lendo Drummond e Vinicius e não consigo não chorar. Que vida! Que vida! Será que eu sou assim também: sonhadora, completamente inconsolável, incontentável, surreal? Acho que se fosse artista plástica seria uma Salvadora Dali! As palavras, as palavras... ‘Nos contratos que tu lavras, não vi amor valimento, só palavras e palavras feitas de sonho e de vento...”

Vim pensando no significado do amor, do amor mesmo, este carnal de homem e mulher, que a maioria procura, que todo mundo anseia, espera desassossegado, se agarra desesperadamente quando aparece, enche de expectativa, cultiva com pressa, colhe e sai correndo pra depois se perder...

Eu quero um amor pleno, inabalável, firme. Daqueles que nunca duvida ou questiona, aquele que está por que simplesmente é...
É uma continuação do meu ser, separado de mim mesma. Um complemento brando e singelo, um velho par de chinelos...
Daqueles que de se olhar no fundo dos olhos arrepia toda a espinha, não de tesão, mas desta coisa inexplicável de prazer profundo, que faz vibrar cada célula do corpo e abrir os poros sob a pele. Sutil, lento, saciável. Controlável.

No meu desejo de encontrar fortes emoções para justificar meu descontrole emocional, muitas vezes perdi o que havia de melhor na viagem... A paisagem.

Mas, ah! A minha jornada ainda continua e o céu é tão azul...
O mar é tão verde e salgado...
A areia branca e fina...
E o brisa, ah, a brisa. Esta sim me ama de verdade!

sábado, agosto 11, 2007

Conexões sem Fio


A technologia é uma maravilha. Computadores, ipods, dvds portáteis, telefones sem fio, internet, conexões sem fio. Tudo isso na ponta dos dedos, com acesso rápido, fácil e simples. Quando funciona.

Após 6 meses “emprestando” a conexão de internet do meu gentil vizinho, decidi que havia chegado a hora de assumir a responsabilidade e clamar minha indepêndencia. Afinal sou uma mulher moderna e cansei de depender da instabilidade emocional do vizinho, que nunca me conheceu, e que gostava de desligar seu modem por 2, 3 dias seguidos sem me consultar.

Bellsouth me mandou uma caixinha cheia de quinquilharias pronta para ser facilmente instalada pelo mais leigo dos mortais. Fácil. Instalar o cd no computador e seguir instruções. Adiei mais ou menos uns 45 dias este momento, já prevenida de que comigo as instruções raramente funcionam. Mas assim que recebi a primeira conta de algo que não estava usando, rapidamente resolvi o problema.

Comprei também um tal de “Router” para facilitar a minha vida e poder usar meu computador em qualquer lugar da casa sem ficar grudada a fio nenhum. Uma beleza! Liberdade total!

Instalei o cd e segui as instruções. Do DSL saiam 3 fios que entravam no router que tem 1 fio que entrava no computador. Todos os 3 aparelhos ligados na tomada, somando um total de 7 fios que vinham e iam e voltavam. Dois dias se passaram e nada deu certo.

E liga para a companhia de telefone e para o técnico especialista da companhia do router. E para a telefônica novamente, para o eletricista, para o dentista, para o psiquiatra...Tomei dois calmantes e fui dormir. Após 48 horas de sono profundo, estava calminha, calminha e até esqueci quem eu era. Foi ótimo.

Os fios continuaram no meio da sala, todos enrolados, o router piscando como luz de discoteca, a conexão caindo e voltando sem parar por dias a fio. Uma maravilha esta conexão sem fio. Muito boa mesmo! Quando funcionar serei muito feliz, pensei. No meio tempo, continuei tomando o calmante, mas apenas meia dose por dia, para poder sobreviver à incessante frustração de ser constantemente desconectada do mundo. E de me sentir a mais estúpida das mortais, pois afinal a instalação é fácil, fácil. Só seguir as instruções, qualquer um pode fazer...

De fato, na segunda semana da odisséia, tomei coragem novamente e fiquei horas no telefone com o técnico da telefônica que descobriu o “probleminha”. Sabe, esqueceram de avisar no manual do DSL e do Router, que tem um código tal que precisa ser mudado na programação das duas instalações. Sabia que o problema não era a minha ignorância! Depois de muito “aperta aqui, aperta ali, desliga tudo, ouve musiquinha de elevador, liga tudo de novo” tipo de coisa, tam-tam-tam-tam!

Hoje sou uma mulher moderna sem fio, danço pela casa com meu computador nos braços, durmo abraçada com ele e o levo para dar voltas no quarteirão! Tudo isso por $45 dólares por mês, mais o precinho do router ($65), mais a despesa de psiquiatra – 4 sessões à $65 a hora - e o anti-depressivo e calmantes que tive que tomar por um mês.

E os fios da conexão sem fio enrolei todos e escondi atrás do armário...

quarta-feira, agosto 08, 2007

Quando o #%$@ é mais embaixo...


Miami, quarta-feira, 8 de agosto de 2007


Ainda não tenho certeza se quero compartilhar este momento da minha vida tão abertamente, mas necessito escrever a respeito...

36 anos, divorciada, morena, 137 lbs (oras! Faça suas contas!), 1,64 metros de altura. Minha filha já tem 9 anos de idade e eu nunca tinha depilado “lá” todos estes anos. Acontece que a idade – ah! a idade... – trás certas surpresas que a gente tem que aprender a lidar com elas.

Na adolescência me traumatizei na minha primeira sessão de depilação da virilha e por lá parei. Jurei nunca mais. A dor, o sangue, a reação alérgica, os pelos encravados... Não, não valia a pena tanto sacrifício pra ficar lizinha pra “eles” – que no final, cá entre nós – explorariam a região desmatada ou não. E felizes! Por estas e por outras, resolvi não me sacrificar mais e colocar em risco a minha sanidade mental em prol de um conceito social que não me agradava. Tomei a decisão: Nunca mais depilaria “lá”. È uma forma de masoquismo com narcisismo e mais algum –ismo que eu ainda não encontrei e não fazia parte da minha crença, fosse lá qual fosse.

Mas, de repente, a idade... Começam a aparecer “coisas” em nosso corpo que antes não existiam e insistem em proliferar para todos os lados e sentidos, sem pedir permissão nenhuma!

Viver em Connecticut tinha lá suas vantagens: só expunha o corpo alguns dias do ano e por tão pouco tempo que a necessidade de estar em “perfeita” compostura pude adiar por todos estes anos. Mas Miami, ah Miami, é diferente. Não virei rata de praia, mas final de semana é sinônimo de piscina e praia. Impossível fugir, se esconder, fingir que o calor não está acontecendo. Senão por mim, pelas crianças. E lá vou eu, de biquinão que não é mesmo mais aquele que usava na década de 90, um pouco bem maior, cobrindo área suficiente para não chamar a atenção de ninguém. E escondendo o máximo possível para não assustar os vizinhos na areia. Que diferença! O que o tempo faz com a gente...

Toda mulher vem com o destino traçado no sentido de abrir as pernas para apenas certas pessoas em sua vida: sua mãe, seu ginecologista e seus amantes. Não necessariamente nesta ordem. Só a terceira parte é que é realmente divertida. A primeira é natural, a segunda é o que é e não devo entrar no mérito no momento. Mas descobri hoje que existe uma quarta parte na equação: a depiladora. Temida depiladora. 36 anos temida!!! SOS, alguém me dê outra opção, uma idéia, uma nova filosofia, uma nova teoria, um novo produto. Caramba! Alguém? O vácuo, o vazio, o eco, eco, eco, eco.... Ninguém?

Bom, lá vou eu, cuidar de ser limpinha! Por pressão social (afinal, por mais anarquista que insista em ser encontro certas dificuldades culturais ainda) e sucumbo a uma queridíssima figura que me convence que “ não dói nada, você vai ver...” Literalmente paguei para ver.

Hum! Ai! Hum! FDP! Hum! Ai! F da mãe!

Anos de terapia... O que é isso? Aonde vamos parar? Ela abriu minhas pernas mais que minha mãe, meu ginecologista e o mais ousado dos homens que nunca tive. Todos juntos! Tascou uma cera quente, um paninho em cima e sem dó nem tempo, arrancou tudo de uma vez... Isso não é vida. Isso não é justo!

Na próxima encarnação quero nascer homem. Com agá maiúsculo! E vou viver muito bem e em harmonia com meus pelos, todos eles, sem tirar nem pôr!

E tenho dito.

terça-feira, julho 31, 2007

Sonho de Menina



Grécia, terça-feira, 31 de julho de 2007

Saudações à todos da ilha de Kíthira!

Após alguns dias subindo e descendo morro de mochila nas costas e burrinho em punho, cá estou.

Saudações, saudações!

Começo minha estória contando um sonho de menina: passar a lua de mel na Grécia. Não me perguntem donde veio esta idéia ou porque. Sonho de menina...

Os anos se passaram e não me casei com o Batata (quem não se lembra dele?). Depois vieram outros que não se mostraram material casamenteiro. Finalmente, após 4 anos de juntamento, me casei no cartório com o Fabrício. Mas, por fobia de matrimônio por parte do noivo - que até em corte errada foi e chegou atrasado mais de meia hora - o casamento logo se desfez. Tão rápido foi meu tempo de casada que acabei passando a lua de mel em Cape May, NJ quase que sozinha, não fosse minha querida amiga Mara me acompanhar à uma bela pousada na beira do mar onde todos os hóspedes acreditaram sermos um casal de lésbicas! Segunda oportunidade perdida de lua de mel.

Ah! Então apareceu o Carlos. Este sim era material casamenteiro! Este sim teria a dignidade de planejar um casamento e uma lua de mel como manda o figurino, realizar todos os meus sonhos de menina... Hum! Lá se foram 4 anos de juntamento, com direito a aliança no dedo e tudo; nada muito bem planejado, tudo meio um pouco corrido, estressado, atropelado. Nunca sentamos para marcar uma data de casamento, ou para oficializar o tão nada romântico noivado. E mais uma chance perdi, no emaranhado deste relacionamento. Fiquei a ver navios, ou mais corretamente, barcos a vela.

Então, após todos estes anos de namora, briga, namora, desmancha; junta, casa, separa, divorcia; junta e separa, homem nenhum foi nobre o sufiente ou merecedor da minha eterna maravilhosa e agradável companhia, do meu desejo de me perder nas ilhas Gregas, apaixonada após um casamento digno. De fazer amor sob as estrelas até o sol nascer, de assistir a brisa fresca bater nos meus negros cabelos, de olhar no fundo dos meus olhos enamorados e reconhecer-se como homem mais ditoso na face da terra.

Esperar um terceiro casamento/juntamento? Não. Acho que este não acorrerá tão cedo novamente em minha vida. Não que tenha me traumatizado, apesar de ter bagagem o suficiente para tal! Mas a vida de solteira tem me libertado tanto de mim, e deles, e dos outros. Tem me feito tão leve e serena, tem me surpreendido tanto com tão pouco que até os momentos de vazio, no início muito enfadonhos, hoje me alojam com afago.

E cá estou, solitária em minha companhia, eremita em minha ilha. Andrea Papadimítrio Catsoris Almeida. Troquei de nome, como podem perceber, na expectativa de mudar a minha sorte, e até mesmo despertar minha consciência adormecida no macio véu da ignorância de mim mesma. Navego nas folhas brancas, tamborilando em meu teclado enquanto as ondas batem nas pedras e o sol se despede de mais um dia.

Kaliníhta à todos. Καληνύχτα

Andrea Papadimítrio Catsoris Almeida

quinta-feira, julho 19, 2007

Much Ado About Nothing


Never mind all the fuss yesterday.


Se deus existe ou não, não me importa.
Sei que eu estou aqui e preciso ser feliz.
A faculdade da Marina e a minha aposentadoria vão ter que esperar.
Estou me mudando para a Grécia, em breve.

O único problema é que na ilha de Kíthira não tem internet!

Tchau,

Fui…

Love to all

Empress of the Universe

Andrea Papadimitriou Catsoris Almeida

quarta-feira, julho 18, 2007

EAT, DRINK & BE MERRY, FOR TOMORROW WE DIE.

Rated R

35 anos, casado, dois filhos. Uma menina de 1 ano e um menino de 3. À trabalho no Brasil, morto na explosão em acidente de avião no dia 17 de julho de 2007 em São Paulo. Uma hora antes de entrar no avião liga à esposa para confirmar o número do vôo. Bom pai, bom marido, boa “gente”.

Poderia ter sido eu, você ou o vizinho. Bum! A vida acabou...



O nada.




E por onde andava Deus? Por onde anda Deus? Quem é merecedor de uma morte como esta? A vida é tão frágil e tão fora do nosso controle. Acho que não tem deus coisa nenhuma. Tanta miséria, tanta violência. Essa coisa de deus é papo pra gente fraca que precisa de muleta pra se apoiar por que não acredita em si próprio. É uma bela muleta, diga-se de passagem, porém ilusória. Já usei e ainda uso muito ela.

Mas se não tem deus, o que é então lá em cima? Sei que algo lá tem. Sinto (ou será que está tudo na minha imaginação? ) presenças/ energias ao meu redor, mas não vejo ou toco nada. Já ouvi vozes, como narram os livros espíritas, e tive certeza que não era eu quem estava fazendo tanto barulho lá dentro da minha cabeça. Como se fossem mini pessoas no meu cérebro, me enlouquecendo. Mas poderia ser apenas um desequilibrio químico talvez? Uma esquizofrenia passageira? Quem saberá?

Continuo rezando pois sei que algo positivo aí tem, e continuo sentindo um monte de sensações boas e novas, com o passar dos dias mais e mais intensas. As vezes até acho que estou me desprendendo muito do meu corpo e gostando mais do lado de lá, porque me trás uma paz sem fim, um contentamento enorme, um “que” inexplicavél de liberdade, de loucura, de clareza, de certeza. E quando eu invoco, eles veêm. Sei porque estou lá tra-la-la e de repente muitas e muitas lágrimas começam a sair dos meus olhos e é algo que não consigo controlar. Não é uma emoção mais forte, nem uma sensação especial; apenas lágrimas e lágrimas escorrendo a troco de nada. Mediunidade? Alucinação? Esquizofrenia? A ciência ainda não explica. E Freud? Explica?

Esta estória da força do pensamento, física quântica, teoria das cordas, ondas de energia magnética... Onde é que me encaixo? Nesta vida frágil, quanto de controle eu realmente tenho? Se, segundo a astrologia, nascemos com o destino traçado, posso querer manisfestar o que quizer e fazer a maior força que nada em minha vida mudará. Já está traçado. Então não existe o livre arbítrio, que é o “docinho” que deus nos dá ( por que não deusa?) pra não dizer que a responsabilidade é toda dele?

Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?
Eu engordei porque fiquei depressiva, ou fiquei depressiva por que engordei?


Meu, que merda é essa? Really, sorry my french, but today this seems to be all a total, colossal bullshit!

Ontem me peguei falando super concentrada, com a maior seriedade e certeza do mundo: “Pois é, nós como mães solteiras temos que garantir o futuro de nossos filhos. Eles só dependem de nós. É preciso arranjar um bom emprego, ganhando muito bem, mesmo que seja fazendo algo que não gostamos. O que importa é que preciso pagar as contas, dar uma boa educaçao a minha filha, comprar uma casinha, fazer uma poupança para a faculdade dela para ela poder ser alguém na vida. E começar a aplicar para uma boa aposentadoria.”

Séria, eu estava. Sóbria, sã. Alguém discorda do que eu disse? Alguém poderia dizer que estou errada? Mas, porém, todavia, contudo, entretanto existe algo nesta minha afirmação que não engulo, aliás, pensando bem, não estou engolindo é nada do que afirmei. I mean, isto é como a gente aprendeu, como “eles” nos ensinaram. Sabe “Eles”? Alguém pode me dizer quem são “Eles”?



O dinheiro, meus amigos, compra a nossa liberdade de ir e vir. E lá vou eu para o meu empreguinho, que me paga bem, fazer algo que não alimenta minha alma em prol de um futuro garantido financeiramente. Meu corpo vai, minha alma fica. Fica dormindo e vendo televisão, ouvindo música e bocejando. Já vivi assim. E a gente chega em casa cansado, cansado. E o tempo vai passando, passando. Mas a minha casa é bunitinha, meu carro funciona, minha filha tem uma boa educação e nós temos férias pagas.

Ontem li um artigo numa revista de viagem sobre ilhas gregas escondidas e perdidas no tempo. Ao passo que a autora do texto foi contando as estórias das ilhas e as experiências que ela teve nesta viagem; os cheiros, a comida, as pessoas, os lugares, o sol, as lembranças de infância sob o sol, o cheiro do mar e a sensação de sal grudado no corpo; fui transportada para aquele lugar e por momentos me vi morando lá, num fim do mundo, num ar parado, num tempo parado e separado do resto do mundo, separado da “realidade”... Da minha realidade irreal, quero dizer. Quem disse que a minha, sua vida, é a real, é a verdadeira?




Is there all there is?




To be continue...

sábado, julho 14, 2007

Curriculum Vitae


Profissão- Compositora, caçadora de ilusões.

Experiência – Jan. 2007 - presente

Achei que iria morrer de amor, que a vida não fazia sentido, que Deus é injusto, que o calor é maravilhoso. Que a esperança é a última que morre, que amor de filho é o maior do mundo, que minha casa é meu santuário, que o divino nunca me deixa. Senti amor universal, questionei e descartei crenças e comportamentos sociais, abandonei o espiritismo, me afoguei em lágrimas, perdi noites de sono, encontrei amigos distantes, viajei no tempo, voltei ao passado e escrevi meu futuro. Vi milagres, esperei a vontade passar, encontrei a paz, senti medo, nunca perdi a esperança. Tomei chuva quente, fiquei com medo de trovão, me curei de mim mesma e encontrei algo novo de mim. Saí com minha boa compania, fiz promessa para as estrelas e mudei de idéia tão rápido que tudo já esqueci. Vi cobras e lagartos, sapos e lagartixas, passarinhos azuis e vermelhos e flores roxas e amarelas. Vi uma eclipse lunar, chorei na beira do mar as margens da imensidão azul. Briguei com Deus e seus anjos, xinguei ex-marido e me apaixonei tudo outra vez. Perdi peso e um monte de roupa, envelheci e comprei creme anti rugas. Achei que estava enlouquecendo e não me preocupei, ouvi vozes e senti arrepios, fui ‘curada’ por um extraterrestre, acumpuntura e homeopatia. Chorei de amor, felicidade e saudade; de raiva, esperança e solidão. Parei no tempo sem respirar, tive medo de continuar. Perdi a razão. Encontrei a paz e um contentamento sem fim, compreendi certas coisas, joguei tarô e achei melhor que terapia. Falei no telefone mais do que minha orelha pudesse aguentar, fiz planos para o futuro pra nunca mais voltar. Dormi quando tive sono, escrevi quando tive vontade, limpei a casa as 4 da manhã e não lavei roupa por um tempão. Ouvi música triste, meditei todos os dias. Dancei no final da tarde com o coração cheio de alegria.

Universos Paralelos (Jayro Luna)

I
Entre seus olhos e as palavras deste poema,
Entre seus olhos e sua boca,
Entre mesmo seu coração e o que vai em sua alma há o dilema,
E o que te parece a coisa mais louca
É de fato a razão mais verdadeira...
A verdade insofismável e derradeira...
II
Somos feitos de energia condensada!
A matéria é a imersão duma outra dimensão no espaço!
Minha carne é virtual, sou feito de nada...
Tudo é vazio praticamente, mesmo o mais duro aço!
O que está aparentemente diante de ti,
Está diante de ti para que não o veja estando aqui e ali!...
III
Entre seus olhos e as palavras deste poema
Há mais do que tridimensionalidade e tempo,
Há mais do que a escritura que a ti aparece com problemas...
Entre suas orações e o eco no vazio do templo,
Entre a fé e a incerteza,
Há mais do que se lhe mostra aos sentidos a Natureza!
IV
Todo nosso mundo é apenas uma membrana,
Tudo o que nos parece tudo é só uma pálida parte,
Saímos do fundo da caverna para uma tímida cabana,
Que nem nos abriga nem com segurança, nem com arte...
Se há mais entre o céu e a terra do que nossa vã filosofia,
Há mais ainda entre compreensão e sabedoria...
V
Outras dimensões de ver, sentir, pensar e sonhar...
A gravidade essa força oxímora entre forte e fraca,
Que vem de lá, querendo a todo custo nos puxar,
Que vem de lá do outro lado e nos gruda como goma laca...
Que vem do outro lado
De tudo o que é visto e pensado!...
VI
Somos o nada que se materializou,
Somos qualquer coisa de muito pequeno, ínfimo...
A mais próxima das galáxias à mais distante que já se avistou
Ainda assim é pouco além do que se vai no íntimo!...
A viagem para dentro do micromilímetro
Nos revela para além de todo perímetro!...
VII
Se penso, logo existo,
Decerto também que não desisto e sigo,
Se creio ou não creio em Cristo,
Se só ilusão na busca da verdade é o que consigo,
Tudo é porque não vejo a tudo,
O que mais sei é o que me falta de estudo!
VIII
O que poderia ter sido que não foi,
O que seria diferente se fosse doutro modo,
As verdades que aceito inquestionáveis com meu olho de boi,
O que me incomoda e como me acomodo,
O que está lá fora e o que me vai por dentro,
Em todo lugar busco minha alma como centro!...
IX
Faltou aquela palavra que não foi dita por todas as gramáticas,
Que sequer foi mesmo pensada...
Faltou aquela nova razão matemática,
E eu saberia decifrar a coisa indecifrada...
O que sinto e que me vai ao sentimento
O que vejo não é o que me vai ao pensamento!...
X
Hoje, na certeza dessas horas, desse momento exato,
Sei sem precisar de fórmulas que já não é mais,
Onde sequer estive é onde me encontrei de fato!
No tempo que nunca houve fui sem ser jamais...
O que me vai ao coração é como a fé,
Porém não é razão, nem palavra dita é...
XI
Resta-me a certeza de que tudo na vida
Se parece com uma película de cinema,
Em que nos assistimos em constantes gravações interrompidas,
Em constantes ensaios de falas sem sememas...
Infinitos universos paralelos se emparelham ao nosso,
E tudo que sinto é esse desejo de superar a carne e os ossos!...


http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.phtml?cod=130819&cat=Poesias&vinda=S

quinta-feira, junho 28, 2007

Salsa Night







Last Friday I had a date with myself. Myself was pretty tired due to having woken up at 5 in the morning for unknown reasons to me. But since I had a commitment with me, I put myself in the shower, dragged myself to the bedroom, slapped myself on the face, dressed myself nicely and beautifully, dragged myself outside the house and drove to “I Don’t Know Where” Land.

As it was expected, mapquest.com sent me to “I Don’t Know Where” Land after many wrong turns, deviated and plain wrong directions. At this point in my life I should have already learned that that website really stinks, but for lack of alternative or just pure laziness I keep on insisting to use their services. At least I got there only 10 minutes late. Me, myself and I were happy.

At the cashier I had a choice of paying $40 dollars for 2 hours of class and free entrance to the Salsa Lounge afterwards or $50 dollars for 2 classes and Salsa Lounge plus a weird drink I would dare to try as soon as the class was over. I thought the $50 dollars deal was the best (I wonder why!). And there we were, with a bracelet stating I was shamelessly LEVEL1. I was humble enough to think that my years of Lambada were long gone and wouldn’t help me much that night.

The space was nice. People from all ages and sizes – mostly not Hispanic – were divided in three groups: Levels 1, 2 and 3. I was pleased to notice there were many Level ones and the room was getting very crowded. I would be able to mess up as much as needed without any great traumas. Self-consciousness is a terrible thing. It can make a fun moment turn into something very ugly sometimes! I also noticed there were many faces from Match.com and I felt for a moment I was at a special meeting with all lost singles of Miami!

Two couples were certainly on their first double dates – I knew that because I had coincidently checked out the profiles of the two girls online to inspect what kind of women and “competition” was out there - and I have to say that the respective men they were with fit them perfectly. After all, the internet dating thing might work for some. I can’t say that for myself since I’m finding out I’m an old fashioned lady. I like to go where people are, to see the faces, to smell the smells. To laugh and dance and just not think about any of these dating stuff. I definitely don’t like dating. I prefer making friends and falling in love with them. Actually, I don’t like the “falling” part of it. It makes me stupid!

And there I was: one, two, three; one, two, three. Front and back and to the right and to the left.

My two neighbors, the left one a young guy at about 23 and the right side guy at about 39 kept bumping into me. I lost my balance, I lost my rhythm. And then I found them all. And one, two, three; one, two, three. Front and back and to the right and to the left. And I was lost, I was laughing, and then a new step. One, two, three; one, two, three. Totally out of shape, completely out of balance. One, two, three; one, two, three.

Suddenly, after about 20 minutes, it hit my body, it hit my soul and it hit me in the head like a meteor. They finally put the music on and I couldn’t stop laughing. My body was shaking all about. Oh! What a wonderful feeling! I haven’t had that feeling since, since… I can’t remember. It doesn’t matter, it felt really good. I’m not even sure if I like Salsa music, but who really cares as long as my body is following every note, feeling every vibration? I don’t. In fact, I’m becoming an expert on not caring about many unimportant things. I feel so much more relaxed.

After many single steps we were to find a pair and start stepping on each others feet. I find interesting that women in general have a better ability to sense the sizes of their bodies and the space they take. Men tend to be more wobbly, more all over the place. It can get boring. But we were all shamelessly Level One, I had to remind myself of that. I was far from being the queen of Salsa that night.

Class was over, weird drink in hand. I sat down to rest my unaccustomed feet. 11:30 PM. Many new faces started to invade the space, the lights were out, the music was loud. Me, myself and I were tired but knowing myself well, I could not leave without trying my new steps with someone who was at least Level 2! And so I stood up and walked to the middle of the room trying to find someone who would be patient enough to turn me around for a couple of songs. There I stood in amazement watching people of all walks of life turning to the right, turning to the left as if there was no tomorrow. Beautiful, I thought.

A short gentleman, at about my shoulder height stood next to me. Short hair, impeccable ironed light blue shirt, kaki pants and shinny pointy white shoes. He looked at me, from top to bottom, like he was measuring me to see if I: first would fit in the attractive category, second to make sure I wasn’t so much taller than him. I guess I passed the test since he moved towards me and offered me his hand. I had followed his eyes through the whole process and was impressed by that little man’s self-confidence. Specially because I had already noted that all man with shinny pointy white shoes were good dancers. I looked back at him and showed him my shamelessly Level One bracelet. He smiled and turned around in search of a more appropriate partner.

A few songs later he came back and insisted I danced with him. His name was Juan and he danced very, very well. He made me look pretty good on the dance floor and I was starting to think it was all my doing. But Juan, after finding out I was Brazilian, liked me more than I could handle. On top of deciding to speak Spanish to me assuming I could understand him at all, he wanted to go get some fresh air…
I was heroic enough for not having stepped on his feet once but, my friend Juan, who was about to fall in love with the shamelessly Level One Brazilian woman, watched me disappear in the middle of the crowd never to be found again!

And back home we went, blisters on our feet, smile on our faces, soreness in our bodies. Me, myself and I.

terça-feira, junho 12, 2007

Meu Atino


O vento bateu na janela, na janela, na janela
Levou meu amor embora
Levou minha alma triste
Levou toda a minha estória.

Um vento bateu na janela
Tocou-me a alma e o coração
Deixou ficar o suave
E a lembrança da canção.

O vento bateu na minha janela
E me desnudou com cuidado
Levando formas falidas
Do meu delicado passado.

A brisa entrou pela porta
O sol pelas frestas da cortina
Iluminando meu corpo
E minha sensatez de menina.

Quero sonhar acordada
Esperar pelo divino
O destino me aguarda
Afinando o meu atino.

Junho/12/07

domingo, junho 10, 2007

Ao Amor Antigo (Carlos Drummond de Andrade)


O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
a antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não.
Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.

quinta-feira, março 08, 2007

A Família de Hoje

E a vida continua…

Acordei pensando em todas as separações e divórcios que estão acontecendo ao meu redor, e são muitos. Metade dos casais que conheço estão se separando, se separaram o ano passado ou estão em processo de separação.

Apesar de ter me separado, pela segunda vez, sou contra a separação! Li em algum lugar que o momento certo de se separar é aquele quando conseguimos olhar para o companheiro sem mágoas e sem rancores. Se ainda ouverem nós a serem desatados, estaremos apenas transferindo nossas frustrações para um futuro relacionamento.

Acredito que tudo que estiver ao alcance do casal para salvar o casamento deve ser tentado, principalmente aonde há crianças envolvidas. Tudo, tudo, tudo: plantar bananeira juntos, terapia, banho de sal, seminários. Conversas, bate-papo, comunicação. Se o problema é falta de comunicação, então procurar ajuda, ler, se informar, aprender. Meditação, contar até 10, 100, 1.000, 1.000.000.000! Pintar o cabelo, mudar as expectativas, se olhar no espelho e se enxergar, ser honesto consigo mesmo. Procurar ajuda spiritual, da família, dos amigos de confiança. Opções é que não faltam.

No geral vejo as mulheres tomando a decisão final mesmo que sofrendo com estas separações. Vejo-as brigando pelo direito de serem amadas e respeitadas. E os homens simplesmente reagindo passivamente, alguns até como vítimas destas mulheres progressistas e exigentes quais eles pouco compreendem e consideram caprichosas, complicadas ou simplesmente malucas.

Vejo-os perdidos, apesar de aparentemente se mostrarem fortes e decididos, acomodados e conformados. Justificam seus comportamentos acreditando terem tentado de tudo. Afinal, trabalharam duro pra colocar dinheiro em casa, fizeram de tudo para trazer o conforto material para as crianças e a esposa, fizeram a sua parte e agora estão sendo cobrados de algo que não compreendem. Não compreendem as demandas das mulheres e das crianças. Não compreendem que a estrutura do casamento mudou. Não compreendem que sua responsabilidade hoje é muito maior do que era no século passado. O homem hoje não está compreendendo que ele precisa apenas amar melhor. É isso que lhes falta: mais compaixão, compreensão, amor.

Nesta estória toda, quem mais sofre são as crianças, que pouco direito e controle tem em opnar a respeito da separação dos pais. O slogan: “Não basta ser pai, tem que participar” é que está en vogue. Os filhos querem, e necessitam um pai presente, participativo, que educa por exemplo, que divide sem sacrifícios, que ama sem pedir nada em troca. Que aceita e compreende, mas limita e proíbe. E é isso que as mulheres estão exigindo. Elas hoje exigem respeito, exigem que seu trabalho como mãe e dona de casa seja valorizado, exigem que seu coração seja tratado com ternura e compreensão. Exigem serem ouvidas, exigem tomar parte das decisões fianceiras da família, exigem amor. A mulher hoje exige esta participação maior do homem dentro de casa.

A mulher não precisa ser feminista para exigir tanta coisa. Simplesmente a sociedade está em evolução e quem não pegar esta onda, ficará parado no tempo.

E o homem se encontra atordoado com tantas exigências. “Eu fiz a minha parte, tenho a consciência limpa.” Não, não amigos! A sua parte é enormemente maior hoje. A sua família é muito importante para um conformismo deste. Certamente que a família aprecia o conforto financeiro e o suor no rosto, o esforço e sacrifício que se despende para colocar o pão na mesa. Mas isto só já não basta. O homem tem que aprender a amar melhor.A felicidade das crianças depende deste desempenho maior da parte dos pais. O poder do dinheiro, o valor do moeda hoje está mudado. Acordem à realidade do casamento nos dias de hoje, à este novo paradigma social. Amanhã o dinheiro acaba, o emprego acaba, a saúde acaba. E a família fica. Para sempre, eternamente.

O patrão despede e a família continua. A família não pode te despedir (por mais que ela queira!) O dinheiro some, e a família continua. A prioridade do homem de hoje é alimentar a família com amor. Primeiro porque é vital à todos; segundo porque é necessário para a existência de um lar harmonioso; terceiro porque servirá como exemplo para as crianças; quarto porque o amor é eterno e no final da estória é a única coisa que nos sobra. As pessoas que dependem de você estarão mais felizes e consequentemente o seu mundo será mais feliz.

As crianças não querem que os pais paguem a melhor faculdade para elas. Mas se perguntarem, elas querem um pai presente, amoroso e compreensivo. Este é o melhor presente que um pai pode dar a sua família. Dinheiro constrói, mas a tempo leva. Amor é a base, a estrutura, as paredes e o teto da casa. Não desaba. Ninguém derruba. Isto não quer dizer que o preguiçoso possa justificar sua posição e oferecer só amor! Logicamente cada qual deve encontrar o equilíbrio das suas responsabilidades e agir de acordo com seus deveres.

Lembrem-se, nós não levamos nada deste mundo pro outro. Só as experiências da alma, do espírito. E o dinheiro não tem nada, absolutamente nada a ver com isso.