segunda-feira, setembro 22, 2014

Ginecologista: O Encontro Anual

  
ATENÇÃO
Este texto contém: Sangue, humor malicioso, linguagem imprópria, violência leve e temas sugestivos. Não é aconselhável para crianças, homens e mulheres com menos de 40 anos.



Aos 43 anos, 11 meses e 25 dias de vida, ainda não decidi o que mais  me amedronta: a consulta com o ginecologista ou com o dentista. Na verdade, nunca entendi porque um ser humano decide estudar tantos anos para se formar nessas duas profissões. Os dois lidam com buracos negros, completos de cheiros e viscosidades. Alguns, mais holísticos, tentam decorar os consultórios para que se tornem mais confortáveis, na minha opnião, em vão. Nada neste mundo – talvez umas doses de morfina – poderia minimizar a desconfortavél espera e certeza de que seremos cutucadas, exploradas e estudadas minuciosamente em prol da ciência.
Então, após anos sem ginecologista “da família”, lá fui eu conhecer o obstetra da colega de trabalho que jurou este valer a pena.
O consultório ajeitadinho, sala de espera estilo sala de estar, posters de mulheres grávidas rômanticos – algo que nunca experimentei – almofadinhas de florzinhas. Uma enfermeira mais ou menos da minha idade me atende e me pesa, faz perguntas e conta piadas. Me chama de “young lady” (moça jovem), e me conquista na última pergunta que ela mesma responde: “Você bebe? Claro que sim, divorciada com filha adolescente, tenho certeza que bebe”. Marisol então me contou que era divorciada e tinha uma filha de 15 anos. Que a filha era louca (= aborrecente) e quando queria contar alguma estória de arrepiar os cabelos, servia um copo de vinho para a mãe. “É mais fácil assimilar a informação e não reagir tão instintivamente – tipo esgoelar a criança”, ela me disse. Taí, pensei: sou normal. Me apaixonei por aquela mulher naquele instante.
-        “Young lady” - disse minha mais nova melhor amiga - tire a roupa e vista o aventalzinho – que, cá entre nós, é apenas uma proteção psicólogica – o doutor irá te ver em 5 minutos.
 5 minutos… 5 minutos… 5 minutos……. 258,974,358,459 minutos de espera. Teto branco. Sala pequena. Ar condicionado no máximo. Bico do peito doendo. Poster de uma grande vagina com um grande orifício cheio de nomenclaturas. Há de se educar o público. Começo a rir sozinha. Provavelmente esta deve ser a visita número 41a da minha vida. Relaxa. Respira. Pensa que é normal. Faz parte da vida, assim é, 500 bilhões de vaginas no mundo passam por isso. 5 minutos, 5 minutos, 5 minutos…
E entra na sala um rapaz jovem, nos seus 34 anos. Forte, bonito, simpático e engraçado. “O” ginecologista que estive esperando por toda vida! Fazendo muitas perguntas, muitas perguntas. E eu dando muitas respostas, muitas respostas. Até a fatal pergunta:
-        Você tem uma vida sexual ativa?
Abaixo a cabeça e com lágrimas nos olhos respondo:
-        Dotô, não, dotô! Tá difícil! Você conhece algum homen maduro, tranquilo, financeiramente estável, com coragem de amar?
Dotô ri e aconselha:
-        “Young lady” (me apaixonei!), bom saber pois o tratamento de reposição hormonal será diferente.
Dotô então chama Marisol, e pede pr’eu deitar. Faz o exame de seio enquanto conversa casualmente. Dotô faz prescrição para um mamograma e pede para então relaxar: “Tente relaxar as pernas, será rápido”. E aí o desencanto total, ele e o espéculo vaginal – que nunca será meu amigo – inspecionam as partes baixas de uma forma tão científica. A conversa casual continua, tipo assim, estamos tomando um cafézinho na padaria da esquina. Eu conto piada e dou risada, pois quando fico nervosa é isso que faço.
-        Ha, ha, ha. Acabou?
-        Não, amor, agora vou cutucar teu útero 360 graus, por dentro e por fora: Dói aqui?
Dotô, doer dói, né? - você esta precionando tudo, pqp! - Digo que não.
-        E aqui?
-        Dói não.
-        E deste lado?
-        Dói não – segurando o ar.
-        Beleza então, vamos fazer um ultrasom para ter certeza que não há nenhum cisto.
-        Hum…dotô! Não te amo mais!
Dotô bunitão então me manda atravessar o corredor do consultório para a sala de ultrasom. Encontro um vendedor de rémedios no meio do caminho, de terno e gravata, eu de aventalzinho, calcinha e sutiã embaixo do braço. Logo penso que deste jeito poderia até correr uma maratona! Quem se importa? Nua, de aventalzinho, trouxa embaixo do braço. 13 milhas. Simbora vamos!
O moço do ultrasom, nem tão forte ou boa pinta como o dotô, faz uma graça. Todos são muito simpáticos, alegres, engraçados. O que me faz pensar que a primeira hora de segunda feira é o melhor horário para visitar o ginecologista.
Então ele vem com o gel gelado e passa pela minha barriga.
Lembrei da primeira vez que vi a Marina no ultrasom 17 anos atrás. Escutei o coração, me mostraram os pedaços do corpinho dela se formando, que pareciam manchas no meu ventre. Que rômantico, pensei! Me senti feliz por alguns segundos por todas as mães na sala de espera que veriam seus milagres dentro daquela sala. Mas o clima rapidamente mudou. Logo fui convidada a fazer uma ultrassonografia transvaginal.
Ivagina a minha cara!
-        Mas, dotô, é realmente necessário este procedimento? Já despiu, já apertou, já penetrou, já apalpou… Me livra dessa vai? Eu nem te amo mais, foi um engano, me apaixonei sem saber! Você tem tantas outras! Me esquece! Finge que nunca me conheceu, que não tivemos nada, que não sente nada por mim…
-        Não, “young lady”, este é um passo necessário em nossas vidas, no nosso relacionamento – ele insiste.
-        Eu te odeio, jovem rapaz! Eu te odeio! Esquece de mim! Me deixa ir embora!
-        Não vai doer nada, será rápido, você nem vai sentir.
-        Tinha que ser homem mesmo pra dizer algo assim! Vocês, insensatos que são!
-        Vai amiga, usaremos proteção e muito gel gelado. Rapidinho…
Silêncio. Ar parado. Desapego: Om, om, om, omomomomomomomomomomomomomom.
-        Ha, ha, ha! Viu? Não foi nada! Esta tudo beleza, sem cistos, sem problemas!
-        Hum…
-        Volte em 2 semanas para avaliarmos os resultados.
-        Hum…
-        Pode se vestir que a enfermeira te levará até a porta.
-        Hum…
-        Senhora Andrea?
-        Hum…
-        Serão $50.00 dólares pela consulta com o seguro de saúde.
-        Hum…

terça-feira, setembro 16, 2014

Lord Ganesha – Divindade hindu

Doral, FL


Ontem, numa leitura noturna, aprendi sobre Lord Ganesha. E assim, como uma das estórias conta - e há muitas delas  - sua mãe Parvati, quando foi tomar banho, pediu a Ganesha para ficar de guarda. Quando seu marido Shiva quis entrar no banheiro, encontrou a oposição de seu filho. Em sua fúria, Shiva cortou a cabeça de Ganesha.
Puta da vida com o comportamento do marido enfurecido, Parvati pediu-lhe para substituir a cabeça. Shiva o fez com a cabeça do primeiro ser vivo que ele encontrou: um elefante.

Ganisha é considerado o Senhor de sucesso e destruidor dos males e obstáculos (desatador de nós). Ele também é adorado como o deus da educação, conhecimento, sabedoria e riqueza.

O interessante disso tudo para mim é primeiro a estória ser tão dramática: o pai cortar a cabeça do filho porque esta irrado. Segundo é a lenda de tantas outras estórias, bem diferentes desta, em relação a mesma divindade. Terceiro é o fato de milhões e milhões de pessoas adorarem esta figura. Quarto é que, na minha leitura de ontem havia uma explicação espiritualista um tanto genuína:

“… milhões de pessoas pensando em Ganesha ao longo dos séculos formaram uma imensa atmosfera extrafísica (é aquilo que os rosacruzes chamam de egrégora) referente à proteção e inspiração espiritual. Ligados e ela estão vários grupos de amparadores que trabalham exatamente nessa faixa vibratória, devido à sua idéia básica que evoca a proteção divina. Por isso, quando alguém evoca a força espiritual de Ganesha, seja pelo pensamento, pela devoção ou pela ação de um mantra, uma energia de alta intensidade flui interdimensionalmente para seus chacras enriquecendo sua sintonia imediatamente.
Esse é o mesmo mecanismo espiritual para qualquer uma das outras divindades, orientais ou ocidentais, e também para a atmosfera evocada pelos mantras.
Muitas vezes, os próprios amparadores ligados a essa sintonia personificam a figura do Ganesha. Eles plasmam sua aparência em seus corpos espirituais, objetivando uma maior integração com aquela vibração em particular. É assim também com as outras divindades…”

E aí, Wagner Borges, author deste texto e com PhD em projectologia (experiências fora do corpo/ viagem espiritual),  sugere a utilização de mantras para “invocar” as divindades. Invocar para mim quer dizer “entrar na mesma sintonia”.
E como não estava fazendo nada mesmo, comecei meu mantra timidamente – por não ter prática alguma no assunto e por ter crescido cristã – visualizando a abertura do chacra frontal (terceiro olho) e rapidinho tremi, senti uma vibração sutil e serena, uma paz no coração e vontade de chorar porque era tão bom e tranquilo. Assim, de repente, sem frescura, sem expectativa alguma – e talvez justamente por isso – entrei nesta faixa vibratória.

O que me deixou super curiosa foi o fato de muitas vezes ter feito orações e meditações/ visualizações focadas para este ou aquele santo, entidade ou espírito desencarnado; mas nunca senti algo assim tão rapidinho e intenso. Para sentir assim, esta vibração de totalidade e certeza (serenidade), sempre tive que estar dentro de um ambiente espiritualizado (tipo centro espírita, igreja, templo budista). Surprise, surprise!

Talvez o fato de não estar esperando nada, talvez porque os mantras nos fazem focar em algo fora de nós mesmos, talvez porque o tal do elefante com corpo de menino é uma divindade poderosa (duvido disso, mas não custa explorar!). Em qualquer das hipóteses, o fato é que funcionou comigo.

Assim sendo, reparto a expêriencia. Algo sempre muito novo nesta nova jornada de conhecimentos que venho adquirindo nas leituras e viagens lúcidas ou um tanto nebulosas de experiências fora do corpo (ou OBE em inglês: Out of the Body Experiences)

Aos interessados fica aqui uma maravilhosa site de informações inesgotavéis sobre projectologia:

E viva este mundo véio sem portera!

Namaste procê
Andrea 
(seguindo a linha universalista) “mestra de nada e discípulo de coisa alguma”