sexta-feira, setembro 07, 2007

Tempo Parado

Diretamente da ilha de Kíthira, encontro-me neste tempo parado que tanto procurei.

Consegui parar o tempo. E nos minutos parados sentir o vento parar.
Consegui fazer meu coração parar de bater. E respirar o mundo dentro do meu ser.
Consegui abrir o céu sobre a minha cabeça. E deixar penetrar o ar do infinito.

Engraçado, nunca estive tão sozinha. Nunca passei tantos momentos só sem ansiedade. É como se o universo me abraçasse confortavelmente como um cobertor fofinho. Vejo o filme da minha vida passar em minha frente sentindo cada emoção lentamente. Choro e dou risada. Fico brava e pulo de alegria. Cada vitória, cada batalha, cada derrota.

Me orgulho de ser quem sou.

Defeituosa e imperfeita, tendo ferido e sido ferida. Em minha plenitude sendo amada. Ah! Já fui tão amada... Amada mesmo, de fundo de corações cheios de sonhos e ilusões, de homens tão imperfeitos quanto eu.

Aahh! Que ar rarefeito, que vida vivida! Quanta paixão esquecida, quanto tempo perdido brigando, quanto tempo que passou voando porque eu estava amando. É verdade mesmo quando algum poeta aí da vida afirmou que aquele que nunca amou nunca viveu. Será que todo poeta, escritor é um eterno apaixonado?

Estive lendo Drummond e Vinicius e não consigo não chorar. Que vida! Que vida! Será que eu sou assim também: sonhadora, completamente inconsolável, incontentável, surreal? Acho que se fosse artista plástica seria uma Salvadora Dali! As palavras, as palavras... ‘Nos contratos que tu lavras, não vi amor valimento, só palavras e palavras feitas de sonho e de vento...”

Vim pensando no significado do amor, do amor mesmo, este carnal de homem e mulher, que a maioria procura, que todo mundo anseia, espera desassossegado, se agarra desesperadamente quando aparece, enche de expectativa, cultiva com pressa, colhe e sai correndo pra depois se perder...

Eu quero um amor pleno, inabalável, firme. Daqueles que nunca duvida ou questiona, aquele que está por que simplesmente é...
É uma continuação do meu ser, separado de mim mesma. Um complemento brando e singelo, um velho par de chinelos...
Daqueles que de se olhar no fundo dos olhos arrepia toda a espinha, não de tesão, mas desta coisa inexplicável de prazer profundo, que faz vibrar cada célula do corpo e abrir os poros sob a pele. Sutil, lento, saciável. Controlável.

No meu desejo de encontrar fortes emoções para justificar meu descontrole emocional, muitas vezes perdi o que havia de melhor na viagem... A paisagem.

Mas, ah! A minha jornada ainda continua e o céu é tão azul...
O mar é tão verde e salgado...
A areia branca e fina...
E o brisa, ah, a brisa. Esta sim me ama de verdade!

11 comentários:

Rita Guimarães disse...

Adorei, Andrea. This is the best.

Anônimo disse...

Sentimos a vida, em alguns momentos, de uma maneira tão branda e calma... Tão serena e transparente... São instantes em q tudo parece estar a nosso favor, inclusive, o tempo. Que essa sensação em seus dias possa ser eternamente prolongada!
Grande abraço, Andrea. Luz e Paz!Érica.

Anônimo disse...

O poeta...dizem... ser que ve, o que nao pode ser visto. Sente aquilo; de onde se perdeu entre os homens e mulheres.

Existe um tempo para tudo, para os tempos se reencontratrem.

Anônimo disse...

Muito bonito, muito sutil.... Gostei de verdade... pode mandar mais...

Anônimo disse...

Maravilhoso como sempre, maior força prima!!
Sds

Anônimo disse...

Cada vez melhor…. Adorei

Anônimo disse...

Dedé!!! A ultima criação literaria foi DEMAIs! Adorei!!! Beijos!

Anônimo disse...

Bravo! Bravo! MInha amiga! Parabens, como a Vera disse cada vez melhor!

Continue escrevendo.

love you

Anônimo disse...

UAU!!!
Linda Estrela!!!
Eu disse e repito aqui: eis você em seu perfeito momento....seu Agora é este, exprimir em palavras emoções e sentimentos que como ninguém, você consegue nos passar.
Vamos logo sem paredes
Tio Rico

Anônimo disse...

Andrea,
Sempre intensa e transparente.
Parabéns por ser voce mesma.
Beijos
Carmen

Anônimo disse...

lindo, lindo. Adorei