sábado, fevereiro 22, 2014

MORTE

Doral, FL

Sempre me choca a fragilidade da carne.
Morre, aquele que é feliz. Morre o aprendiz, fica a estória.
Morre quem bebe, quem fuma, quem come.
Morre na praia, nas ruas, quem dorme.
Morre o ser humano infeliz.
Morre quem merece e quem nunca quiz.
Morre quem guarda e quem nunca teve.
Morrem os sonhos e morrem os feitos.
Morre por nada e por que não se esperava.
Morre a vida guardada, o amor companheiro.
Morre porque não pode mais viver.
Morre o atleta, a modelo, o ator.
Morre quem nunca sentiu dor.
Morre. 
Quem trabalha, quem ganhou. 
Morre quem perdeu e nunca se achou.
Morre o corpo perfeito, a alma estragada. 
Morre o pobre e o rico. O famoso e o desconhecido.
Todo dia morre alguém. Tenha vivido mal ou bem.
A fragilidade da vida, o instante inusitado. O silêncio calado.
Morre e se vai. Leve e solto. Livre.
Morre quem quer e quem nunca pensou.
Ficam as árvores, o sol e o calor.
Segue o mundo em seu furor.
A morte causa mudanças naqueles que vivem.
Morre o amor perdido. Paira o nada.
Que o tempo cuida em mudar, preencher, mas nunca esquecer.
A falta do corpo quente, das vivências diárias.
Morre quem nem podia.
E não se pode evitar. Ela sim sempre chega sem avisar.
Leva consigo a vida de um tudo que poderia ser.
Acaba-se o sonho. O peso se vai. E no fim: desprendimento.
De tudo que foi e nunca mais será.                 

Um comentário:

Vera disse...

Andrea, você tem um dom magnífico. Jamais pare de escrever.